segunda-feira, 29 de março de 2010

O TEMPO DAS COISAS

Quando é poeira
Os olhos quase nunca se abrem
A boca range, seca e trava
O peito segue indiferente
Quando é água
Os olhos abrem, fecham, tudo é água
A boca bebe, lambe, lava
O peito molha e segue adiante
Quando é nuvem
Os olhos olham e tentam ver além
A boca nada sente, o nada é vento
O peito abre e segue como antes
Quando é raiva
Os olhos, água, nuvem e poeira
A boca, lava , cospe e trava seca
O peito bate, pula, inflama e lança
Quando é amor
Os olhos brilham, molham, lançam luz
A boca beija, chama, pede e seduz
O peito perde o passo, é a sua cruz.

3 comentários:

Ana Cau disse...

Cada coisa no seu tempo né Pepe ?? Se a gente lembrar da Oração ao Tempo do Caetano, temos: "...compositor de destinos, tambor de todos os ritmos, tempo, tempo, tempo, entro num acordo contigo..." a gente se propõe a fazer o tal acordo! menos sofrível.
Lembrei agora do tempo das flores!! as sempre-vivas levam vantagem nessa seara... Abraços, Ana Cau

Marco Antonio Araujo disse...

Fiquei com os olhos marejados aqui.

Senti falta das suas brincadeiras no site, mandacaru velho.

Mayara Almeida disse...

Quando é poesia, É poesia.